No último dia 07 de Setembro ficou clara a tentativa de Bolsonaro e seus aliados de instaurar uma nova ditadura no Brasil. Mas apesar de infrutífera, suas intenções não cessaram. O setor apenas recuou. Assim, para enfrentar a escalada golpista e fascista, é preciso construir um movimento estudantil combativo e consequente.
Nesta data que marca a independência do Brasil, foi humilhante ver as ruas sendo tomadas pela extrema direita, com discursos evidentemente fascistas. Vimos Bolsonaro discursar para seus apoiadores, com ameaças ao STF e seus ministros, afirmando que não cumpriria com decisões judiciais. Vimos, mais uma vez, falsas alegações serem feitas quanto às urnas eleitorais e às eleições, e que apenas Deus poderia tirá-lo da Presidência. Mas apesar disso, pode-se dizer que três foram os motivos que levaram o ex-capitão a sair humilhado, necessitando da ajuda de seu golpista antecessor, Michel Temer: o limitado apoio popular nas ruas, a falta de apoio internacional e a resistência feita pela oposição. Não nos enganemos, porém, pois com o fascismo não se pode nunca baixar a guarda.
Infelizmente, há aqueles que defendem o alinhamento com a direita dita “democrática”, a mesma responsável pelo golpe de 2016 e que contribuiu para a disseminação de notícias falsas nas redes sociais. Esse é o caso do grupo majoritário que dirige a União Nacional dos Estudantes (UNE). Para eles, a fim de frear o golpismo de Bolsonaro, deve-se tirar a radicalidade das reivindicações feitas pelas mobilizações e atos, apostando na construção de uma frente ampla. O que não se diz é que, na verdade, seu objetivo é pavimentar o caminho para as eleições de 2022. O que se finge não ver é que o fascismo só pode ser derrotado com organização popular. O povo não quer saber de eleição, precisamos é de emprego e comida na mesa já!
Não à toa, o mesmo grupo majoritário na UNE é que dirige o Diretório Central dos Estudantes da UFF, o DCE Fernando Santa Cruz, que durante todo esse tempo esteve quase que completamente ausente das mobilizações e reivindicações dos estudantes. Enquanto DCEs país afora buscavam organizar a luta estudantil contra os cortes e o governo, na UFF somente foi feita uma única assembleia, no final de maio. A UFF é uma universidade que está presente em nove cidades do Rio de Janeiro, é a mais interiorizada do estado. E, nesse período, sequer foram puxadas reuniões locais para construir as lutas nas cidades: quantas mobilizações nas cidades do interior poderiam ter sido construídas? Essa omissão e quase abandono da entidade pela atual gestão do DCE é vergonhosa e desonra a memória de Fernando Santa Cruz, ex-aluno da UFF que deu sua vida para lutar contra a ditadura militar.
É preciso que o movimento estudantil da UFF retome o seu papel de vanguarda nas lutas dos estudantes e do nosso povo. Nós do Movimento Correnteza temos buscado construir as lutas dos estudantes na UFF e nas demais universidades na perspectiva de construir um movimento estudantil combativo e consequente. Se organize com o Correnteza e venha lutar contra o fascismo e em defesa da universidade pública, gratuita, de qualidade e popular!
Bayron Thadeus — constrói o Centro Acadêmico Ivan Mota Dias, do curso de História da UFF Niterói, e é militante do Movimento Correnteza.
Fernando Amaral — estudante de Cinema e Audiovisual e militante do Movimento Correnteza.
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