Quando falamos do projeto de educação que queremos elaborar para a construção de uma sociedade mais justa, é comum que algumas palavras de ordem nos venham com mais facilidade. A educação libertadora de Paulo Freire, como um modo de garantir que o aprender seja um processo ativo de transformação do mundo, é sempre recorrente em nossos discursos. A educação pública e de qualidade, direito garantido pela Constituição, mas desrespeitado pelo Estado, também é uma que se faz sempre presente em nossas falas. E, embora todas essas sejam reivindicações válidas e necessárias, é importante que lembremos de puxar palavras de ordem menos faladas e lutar por aquilo que é abordado com menor frequência, como é o caso de uma educação acessível.
Quando pensamos na educação como um processo de apreensão, formação e transformação do mundo, o qual é direito de todos, torna-se fácil entender o porquê de precisarmos pautar com mais seriedade uma educação inclusiva: fazer com que todo e qualquer jovem tenha a possibilidade de passar por esse processo dialético de alterar e ser alterado pelo mundo nada mais é do que garantir um direito inalienável do ser humano. Ademais, as pessoas com deficiência (PcDs), por estarem dentro de um sistema cujos pilares são a exploração e a opressão, são diariamente privadas de direitos básicos, como trabalho e mobilidade; se garantir educação a todos já nos é uma pauta essencial, lutar por educação para as parcelas da sociedade que são desrespeitadas a ponto de não serem tidas como dignas de serem educadas é urgente.
Discutir acessibilidade e inclusão reais na educação, pois, é discutir sobre as pautas que nós, como movimento estudantil, podemos - e devemos - levantar. Como representantes da luta dos estudantes, nós não apenas criticamos o modelo educacional, mas também nos propomos a mudá-lo: visto que todos os dias e em todo o país o Correnteza organiza atos, brigadas, plenárias e diferentes eventos para discutir o que podemos transformar em nossas universidades para que cheguemos mais perto de uma educação pública, libertadora e de qualidade, o tema da inclusão entra com facilidade na gama de pautas que defendemos. Acessibilidade de acesso físico às instituições, aprendizado e disseminação da LIBRAS, fortalecimento dos núcleos de acessibilidade dos IFES e uma melhor preparação docente são apenas algumas das bandeiras que podemos levantar para somar a essa luta que já é travada há tanto tempo.
Como estudantes revolucionários, esse é o primeiro passo para que possamos discutir a verdadeira emancipação das pessoas com deficiência. Hoje, é o direito à educação. Amanhã, é a libertação das amarras capacitistas do sistema!
Gustavo Mendes - Militante do Movimento Correnteza e Secretário-Geral do DCE da UFG
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