Na última quinta-feira (27) encerrou-se a eleição do Centro Acadêmico mais antigo do país, o CAENG UFRJ. Representando os 13 cursos da escola politécnica, o C.A tem um histórico de lutas importante no Centro de Tecnologia da UFRJ, batalhando para garantir a permanência dos estudantes em um ambiente que ainda conserva muitas opressões.
Programa de lutas
A chapa “Unir a engenharia e conquistar o que é nosso” foi eleita sob um programa que reivindica as vitórias do trabalho coletivo da última gestão, responsável pela conquista de mais um restaurante universitário no CT, pela reforma da sala de convivência, pela organização de lutas contra o assédio e por mais didática. O programa, por outro lado, destaca a importância da continuidade da luta para melhorar a vida de cada estudante da engenharia, seja no aspecto estrutural, comprometido com a luta por recomposição orçamentária, seja no aspecto acadêmico, com propostas para a reformulação das disciplinas de Cálculo, que tem recorde de reprovações e também no âmbito da convivência estudantil, promovendo festas unificadas e torneios de sinuca, xadrez e ping-pong.
A participação do Movimento Correnteza na entidade
Há 10 anos atrás o CAENG era dirigido por um grupo de direita, sem interesse nas lutas sociais por uma engenharia popular e para um curso mais acolhedor para todos. Alguns setores do movimento estudantil defendiam que sempre seria assim, pois os estudantes dos cursos de exatas não tinham interesse nas lutas e “não se mobilizavam”.
O Movimento Correnteza, no entanto, prova a anos que, se estivermos intimamente ligados aos estudantes é mais do que possível desenvolver um trabalho político combativo e consequente entre os cursos de engenharia, honrando a memória de Mário Prata, patrono do DCE da UFRJ e estudante de engenharia assassinado pela ditadura militar.
Um trabalho coletivo, contínuo e renovado
Desde então, muitas gestões combativas foram eleitas com a participação do Correnteza, dando continuidade a esse trabalho fundamental.
Para Camile Gonçalves, ex-presidente do CAENG, a força da entidade está na participação dos estudantes nos processos decisórios: “o CAENG dialoga cotidianamente com as representações discentes de cada engenharia, passa nas salas e realiza reuniões temáticas abertas, conseguindo entender o sentimento de cada um e dirigindo a entidade de forma combativa. Outro elemento importante é o compromisso dos representantes do C.A nos conselhos internos do curso, que sempre defendem a posição dos estudantes, isso gera confiança no trabalho.”
Uma década depois da primeira vitória nas eleições da entidade, o Correnteza segue na gestão do CAENG, mas muita coisa mudou: “O Movimento Correnteza segue na gestão, mas a renovação da nossa galera mostra que a nossa política está (e precisa estar) em constante renovação para atingir sempre as principais demandas estudantis. A política do movimento nos dá um norte para a luta pelo livre acesso à universidade, mas a maneira com que essas lutas são tocadas precisa ser decidida de forma coletiva em cada local, como é aqui!” afirma Camile.
A nova gestão, já empossada, traz uma nova geração de estudantes comprometidos com o projeto de uma uma engenharia popular e inclusiva e terá grandes desafios pela frente. O novo presidente da entidade, Matheus Monteiro (3º período), afirma que a entidade seguirá mobilizada e trabalhará para que a engenharia seja um lugar acolhedor para os filhos e filhas de trabalhadores, e que no CAENG possam perceber a necessidade e as possibilidades da luta coletiva: “A maioria de nós é nova na universidade, e ao ingressar vimos no Centro Acadêmico um lugar de acolhimento e de luta. Fomos participando e aprendendo a potência que o CAENG tem. Hoje temos a oportunidade de contribuir um pouco mais para essa história e pôr em prática várias propostas incríveis” Essa é a forma que o Correnteza vem atuando há mais de 10 anos nas engenharias ao lado de dezenas de estudantes que se dedicam para construir o C.A.
Alexandre Borges, Coord. Geral do DCE Mário Prata UFRJ
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